Frango com Ameixas (Poulet aux Prunes) (2011), de Vincent Paronnaud & Marjane Satrapi

Depois do suces­so da graph­ic nov­el Per­sépo­lis (2007), adap­ta­da para o cin­e­ma em uma fab­u­losa ani­mação, a quadrin­ista ira­ni­ana Mar­jane Satrapi, nova­mente em parce­ria com Vin­cent Paron­naud, deixa um pouco de lado a sua auto­bi­ografia, para res­gatar uma anti­ga história de família, ago­ra em Fran­go com Ameixas (Poulet aux Prunes,2011,França, Ale­man­ha, Bél­gi­ca).

Fran­go com Ameixas, que tam­bém se tra­ta de uma adap­tação dos quadrin­hos para o cin­e­ma, con­ta a vida de Nass­er Ali (Math­ieu Amal­ric de O Escafan­dro e a Bor­bo­le­ta), um tal­en­toso músi­co, tocador do tar (uma espé­cie de vio­li­no, típi­co do Irã). Seu instru­men­to, além de ser a úni­ca coisa que ain­da lhe traz praz­er, traduz em cada nota o amor que man­tém por Irâne, uma anti­ga paixão da qual teve que abrir mão.

Desilu­di­do, para sat­is­faz­er os dese­jos de sua mãe, Ali se casa com Nahid, com quem tem dois fil­hos. Um dia, cansa­da do iso­la­men­to e fal­ta de obri­gações do mari­do para com ela e as cri­anças, em um exces­so de rai­va que­bra o ado­ra­do instru­men­to de Ali. O músi­co decide então deitar em sua cama e esper­ar pela morte. A par­tir daí a espera de Ali é nar­ra­da em oito capí­tu­los, nos quais con­ta des­de o rela­ciona­men­to com seus fil­hos Farzaneh e Mozaf­far, até o dia em que se encon­tra com Azrael, o anjo da morte islâmico.

Difer­ente das primeiras obras de Mar­jane Satrapi, como Per­sépo­lis e Bor­da­dos, Fran­go com Ameixas traz uma história pecu­liar de um homem, cuja melan­co­l­ia e desilusão com a vida que gostaria de ter tido e não teve, o faz optar por desi­s­tir. Mas ao mes­mo tem­po Satrapi não perde o humor para tratar de temas del­i­ca­dos como a vida e a morte. Fran­go com Ameixas em vários momen­tos apre­sen­ta cenas cômi­cas, como quan­do Ali em um de seus devaneios imag­i­na o futuro de seu fil­ho Mozaf­far: após sair do Irã e ir morar nos EUA, com­prar uma casa e um car­ro, vive um típi­co ‘son­ho amer­i­cano’ com sua mul­her e seus fil­hos obesos.

Ape­sar de não ser mais uma auto­bi­ografia, Nass­er Ali foi um tio-avô queri­do de Satrapi, por isso Fran­go com Ameixas traz ain­da, alguns temas já abor­da­dos em suas anti­gas obras, como a arte, a mitolo­gia, a decadên­cia famil­iar e a feli­ci­dade. Para quem gos­ta da auto­ra, Fran­go com Ameixas é mais um belo tra­bal­ho que merece ser saboreado.

Trail­er
:

httpv://www.youtube.com/watch?v=RwRyHTjzh2c


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