Fora-da-lei (Hors-la-Loi, França/Argélia/Bélgica, 2010), com roteiro e direção de Rachid Bouchareb, é bem mais do que apenas um filme de ação, ideológico, ou até histórico. Além de juntar esses três elementos de maneira primorosa, é criado uma atmosfera de época belíssima que em conjunto com um enredo bem desenvolvido torna‑o um longa muito interessante.
Abdelkader, Messaoud e Said são três irmãos argelinos que, após serem expulsos de sua terra natal seguem caminhos separados. Depois de alguns anos eles voltam a se reencontrar na França para, cada um de sua maneira, lutar pela liberdade pessoal e de sua nação.
Diferente de muitas outras representações de movimentos com luta armada, Fora-da-lei não se utiliza daquele tom aventureiro e, de certa forma, vangloriador — para não dizer fantástico ou utópico — das ações e vidas dessas pessoas. Sua visão está mais para um filme de guerra, onde o máximo de glamour que você pode ter são roupas — ou uniformes — mais bonitos e armas mais poderosas, mas não escondendo em nenhum momento a situação real dessas pessoas. Aliás, o estilo estético remete bastante aos filmes de mafiosos, que ficou uma mistura bem interessante junto com o contexto político.
Aliás, a política é o tema principal do longa e em cada um dos três personagens principais de Fora-da-lei, temos um pensamento bem diferente de como fazer uma revolução. Um é o teórico ao extremo que não consegue aplicá-la na prática, outro um ex-soldado que apenas sabe seguir ordens e usar sua força e por fim, o último imagina uma meio indireto e completamente diferente dos outros dois, e da maioria destes revolucionários, de realmente cosneguir mudar algo. Este conflito de ideais e caminhos divergentes é algo muito pertinente quando se discute esta questão também fora das telas. Mas o filme também não se propõe a dar uma resposta exata para ela, cada um terá uma conclusão dependendo de sua própria visão. Pois não há, nem nunca houve, só uma resposta “certa”.
Fora-da-lei é um filme longo (2h18min) — em relação à maioria dos lançamentos — mas isso permitiu também um desenvolvimento maior da formação de seus personagens e da própria história. Mas a transição entre os períodos do enredo, sempre exibindo a data ou a estação do ano, infelizmente, acabou sendo meio confusa e muitas vezes até desnecessária. Culpa talvez de um desejo da criação de algo, de certa forma, mais documental. Mas graças a boa estrutura da história e cenas de ação bem construídas, não ficou cansativo.
É principalmente o questionamento ideológico que se destaca, mesmo havendo cenas com muita violência e ação, levantando várias questões não só sobre os atos, mas também o impacto real que eles causam. Como saber o que realmente fez a diferença? Para concluir, Fora-da-lei é um filme que se você tiver oportunidade de ver no cinema, com certeza vale o ingresso! Caso o contrário, sempre há a opção de alugá-lo.
Outras críticas interessantes:
- Heitor Augusto, no Cineclick
- Ritter Fan, no Metido a Crítico
- Marcelo Hessel, no Omelete
Trailer:
httpv://www.youtube.com/watch?v=qAljVInNDik
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