A qualidade das animações feitas por computador atualmente estão cada vez mais perfeitas, fazendo com que a busca por enredos mais elaborados e inteligentes seja, cada vez mais, um grande diferencial neste tipo de produção. Rango (EUA, 2011), dirigido por Gore Verbinski e produzido pela Industrial Light & Magic (ILM), é um longa animado que por possuir estas caracteristicas, deverá agradar principalmente o público adulto.
Rango (Johnny Depp) é um camaleão solitário que vive em um aquário e sonha ser o protagonista de uma grande história. Após um acidente, ele fica perdido no meio do deserto e a procura de água, acaba entrando em uma verdadeira jornada para descobrir sua real identidade e propósito de vida.
Apesar da saga do herói — elaborada por Joseph Campbell em O poder do mito — já ter sido amplamente utilizado em vários filmes, Rango vai por um viés mais místico, englobando elementos mais oníricos e espirituais, que lembram muitas vezes o longa El Topo, de Alejandro Jodorowsky. O surreal é um elemento tão presente na animação, que acaba virando algo muito natural durante o longa.
Diferente das técnicas de captura de movimento, onde normalmente se usam sensores no corpo dos atores, na produção de Rango, os atores foram primeiramente filmados interagindo entre si, para depois este material ser usado como referência para a criação da animação. Esta técnica em si não é nenhuma novidade, até então, ela nunca havia sido usada tão intensamente. Logo abaixo do trailer, há um vídeo muito legal com um breve making off (também conhecido como featurette) do longa, onde é mostrado algumas destas cenas.
Animações com muita música nunca foi algo que me agradou, quando começava a parte cantada, normalmente já ia me contorcendo na cadeira querendo que ela terminasse logo. Mas em Rango, a musicalidade não me incomodou em nenhum momento, aliás foi uma das coisas que me agradou muito, sendo um dos pontos altos do filme. A trilha sonora da animação, produzida por Hans Zimmer, também é fantástica, lembrando em certos momentos a belíssima trilha do filme Diários de Motocicleta, composta por Gustavo Santaolalla. Além disso, os dubladores brasileiros de Rango definitivamente fizeram um ótimo trabalho. É a diferença entre escolher profissionais em vez de “famosos” para tentar alavancar a audiência — vide Enrolados- e aumentar assim o lucro.
Rango possui uma duração maior do que as animações normalmente lançadas, podendo ser um pouco cansativo em certos momentos — principalmente para o público infanto-juvenil — mas logo depois consegue retomar ao ritmo. Com um roteiro e personagens muito bem elaborados, com certeza é um prato cheio para o público mais adulto, principalmente aos fãs de animação.
Outras críticas interessantes:
- Jader Santana, no Cinema com Rapadura
- Celso Sabadin, no Cineclick
Trailer:
httpv://www.youtube.com/watch?v=m5BaDD84Xho
Making off (infelizmente sem legendas):
httpv://www.youtube.com/watch?v=r‑Bc43WVoL0
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