Crítica: Animais Unidos Jamais Serão Vencidos

O mer­ca­do da ani­mação hoje é um dos mais promis­sores den­tro do seg­men­to audio­vi­su­al, é inegáv­el a qual­i­dade das novas fer­ra­men­tas e téc­ni­cas — e claro, das cabeças por trás dos pro­je­tos — para o desen­volvi­men­to do gênero. Grandes pro­du­toras como a Pixar se desta­cam cada vez mais no mer­ca­do, se ben­e­fi­cian­do tam­bém da febre 3D atu­al. Nes­sa leva, pro­du­toras européias não querem perder o rit­mo e o primeiro lança­men­to europeu em total tec­nolo­gia 3D GGI é o Ani­mais Unidos Jamais Serão Ven­ci­dos (Kon­ferenz der Tiere, Ale­man­ha, 2010) dos alemães Rein­hard Kloos e Hol­ger Tappe.

Há algo de estran­ho acon­te­cen­do pelo mun­do. Ani­mais da Savana Africana estão em polvorosa pela fal­ta de água. O trio can­gu­ru, bicho preguiça e demônio da Tas­mâ­nia devem fugir da Aus­trália porque as queimadas andam recor­rentes. Em vários can­tos do mun­do out­ros ani­mais sen­tem que as coisas andam difi­ceis para a sobre­vivên­cia e se ouve boatos de um lugar per­feito, onde o Homem ain­da não chegou. O lugar esper­a­do é a própria Savana onde vivem o suri­ca­to Bil­ly com sua família, o leão — aparente­mente veg­e­tar­i­ano — Sócrates e mais uma vas­ta fau­na que vive em har­mo­nia com suas difer­enças. Em bus­ca de solu­cionar o prob­le­ma com a água os ani­mais, cansa­dos do ¨maca­co mais evoluí­do¨ e suas ati­tudes, resolvem lutar jun­tos para que o mun­do se torne um lugar mel­hor para se viv­er, em que todas as espé­cies coex­is­tam em paz.

Basea­do no livro de Erich Käst­ner, escritor alemão con­heci­do por seus con­tos e fábu­las con­sid­er­a­dos clás­si­cos por lá, Ani­mais Unidos Jamais Serão Ven­ci­dos aca­ba não con­ven­cen­do em prati­ca­mente nada. O roteiro muito fra­co não pende nem para o lado — mais comum — fofin­ho das ani­mações e nem para o humor, que diga-se de pas­sagem, é como o cli­ma do inver­no europeu. O cun­ho pedagógi­co dos diál­o­gos e acon­tec­i­men­tos deix­am o lon­ga extrema­mente ente­di­ante com poucos — ou prati­ca­mente nen­hum — cli­max ou ponto-chave.

Segun­do a dupla de dire­tores hou­ve um tremen­do tra­bal­ho para trans­por o clás­si­co de 60 anos para as telas, o intu­ito era que as cri­anças de hoje com­preen­dessem toda a metá­fo­ra de um mun­do em que os ani­mais resolvem se rebe­lar con­tra os opres­sores. Até é vál­i­da a ideia a la George Orwell, o prob­le­ma é que Ani­mais Unidos Jamais Serão Ven­ci­dos se mostra mais como uma cam­pan­ha ativista em favor das modas de veg­e­tar­i­an­is­mo que per­cor­rem o plan­e­ta, deixan­do de lado qual­quer sen­so de pro­teção à natureza que pode­ria despertar.

A ani­mação em si tem até seus méri­tos, é bem detal­ha­da e alguns momen­tos o 3D fun­ciona de for­ma legal, mas não vale o preço do ingres­so. A tril­ha sono­ra orga­ni­za­da jun­ta­mente com a Orques­tra de Berlim tam­bém não con­vence. Além dis­so, o cli­ma fica muito no esti­lo de super-heróis sal­van­do o plan­e­ta do inimi­go imi­nente, ou seja, algo feito mil­hões de vezes antes.

Infe­liz­mente, Ani­mais Unidos Jamais Serão Ven­ci­dos não é o primeiro grande pas­so da Europa em favor do gênero de ani­mação mais com­er­cial ger­a­da por com­puta­dor , o filme é fra­co e vai deixar mui­ta cri­ança dor­min­do no ban­co do cin­e­ma. Para fãs de ani­mação, não fiquem descrentes quan­to ao vel­ho con­ti­nente. Há mui­ta coisa bacana sendo fei­ta por aque­les lados, prin­ci­pal­mente em relação a cur­ta-metra­gens, recomen­do as sen­sa­cionais ani­mações da Esco­la de Gob­elins na França, ou ain­da os tra­bal­hos da Blender Foun­da­tion na Holanda.

Par­ticipe tam­bém da Pro­moção Ani­mais Unidos Jamais Serão Ven­ci­dos e con­cor­ra a con­vites para ver o filme de graça.

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Trail­er:

httpv://www.youtube.com/watch?v=rzl-eFp5Wuo


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Dossiê Daniel Piza
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