Crítica: Além da Vida

A morte tem sido um dos temas mais recor­rentes, e por que não, trata­da de for­ma cor­riqueira, no cin­e­ma atu­al. Há uma leva de pro­duções nacionais e inter­na­cionais baseadas na eter­na questão de ¨Afi­nal, o que acon­tece após a morte?¨. Os sen­ti­men­tos de per­da e incom­preen­são são pon­tu­ais nes­sas pro­duções e Além da Vida (Here­after, USA, 2010), do já con­heci­do Clint East­wood, não foge muito disso.

Marie (Cécile de France) é uma jor­nal­ista france­sa bem suce­di­da que ao pas­sar férias na Indonésia sofre com uma exper­iên­cia de quase morte ao sobre­viv­er às ondas Tsuna­mi. George (Matt Damon) é um homem ator­men­ta­do pelo dom da comu­ni­cação com os mor­tos que, cansa­do de gan­har din­heiro como vidente, ten­ta levar uma vida total­mente a parte do seu dom. Markus é um garo­to inglês que ao perder seu irmão gêmeo em um aci­dente se vê transtor­na­do na dual­i­dade de bus­car for­mas de lidar com isso e com maneiras de poder, a todo cus­to, se comu­nicar com seu irmão. Os três per­son­agens lidam com situ­ações aparente­mente dis­tin­tas de mor­tal­i­dade, mas todos têm uma lin­ha tênue de lig­ação que é car­ac­ter­i­za­da pela incóg­ni­ta do que é, de fato, o pós-vida.

Em Além da Vida, a car­ac­terís­ti­ca mais pre­sente de East­wood são os per­son­agens ambi­en­ta­dos em cotid­i­anos muito comuns ao espec­ta­dor. Os três prin­ci­pais são pes­soas comuns, de fácil iden­ti­fi­cação, sofren­do de angús­tias e ques­tion­a­men­tos humanos de como lidar com a per­da, solidão e efe­meri­dade da vida. Por out­ro lado, fal­tam car­ac­terís­ti­cas mais atu­antes e cos­tumeiras de Clint por exem­p­lo, as maneiras que cos­tu­ma amar­rar os enre­dos de for­ma a serem lev­adas a sequên­cias tri­un­fantes como no inteligente Gran Tori­no. Claro, deve-se levar em con­ta que o roteiro não é assi­na­do por ele e sim por Peter Mor­gan, ele afir­ma ter escrito este logo após uma per­da próx­i­ma, o que pôde decidir rumos na direção.

Fica claro, no enre­do, que a morte é uma grande incóg­ni­ta rodea­da pela aura mís­ti­ca de algo inex­plicáv­el. As três situ­ações apre­sen­tadas são bem difer­entes entre si, mas pos­suem um fio tênue conec­tor, que em muitos momen­tos soa como a téc­ni­ca de que­bra-cabeças apre­sen­ta­da pelo cineas­ta mex­i­cano Ale­jan­dro González Iñár­ritu, só que sem a amar­ração de enre­do, fazen­do a história soar, em alguns momen­tos, superficial.

Claro que, cenas mais cat­a­stró­fi­cas em Além da Vida, como as que envolvem o Tsuna­mi e os ataques ao metrô de Lon­dres. Estas situ­ações são tratadas de for­ma muito profis­sion­al lem­bran­do tra­bal­hos ante­ri­ores de East­wood com o pro­du­tor Spiel­berg, como Car­tas de Iwo Jima, sem deixar sen­sações de arti­fi­cial­i­dade. O próprio pro­du­tor rela­ta que as cenas foram elab­o­radas com base em out­ras doc­u­men­tadas pos­te­ri­or­mente via impren­sa e mate­r­i­al caseiro dos acon­tec­i­men­tos, o que dá crédi­tos a equipe de Clint.

Out­ros pon­tos inter­es­santes de Além da Vida está na inter­tex­tu­al­i­dade cri­a­da entre o per­son­agem de Matt Damon e a sua paixão pelo escritor inglês Charles Dick­ens, con­heci­do por ser ator­men­ta­do pelos seus per­son­agens. Afi­nal, por que não pode­ria ser Dick­ens tam­bém ator­men­ta­do por comu­ni­cações, igual ao vidente? Os gêmeos George e Frankie McLaren tam­bém são pon­tos inter­es­santes no filme demon­stran­do, nas pou­cas cenas jun­tos, uma real lig­ação entre si fun­cio­nan­do muito bem no contexto.

Além da vida é um filme pedagógi­co, se pro­pon­do a mostrar algu­mas exper­iên­cias em torno da questão de mor­tal­i­dade e faz isso de uma for­ma até inter­es­sante, mas somente isso. Talvez pelo momen­to, sat­u­ra­do em pro­duções que fazem apolo­gia a religiões e crenças, ele acabe pas­san­do des­perce­bido. Claro que não vejo muitos cam­in­hos a se per­cor­rer em torno desse assun­to, que é del­i­ca­do e vai oscilar pelas ide­olo­gias e crenças de cada um. Mas, de qual­quer for­ma, fal­tou um quê de aut­en­ti­ci­dade que acabou jogan­do a pelícu­la para o rol das pro­duções do gênero, a tor­nan­do mediana.

Par­ticipe tam­bém da Pro­moção “Além da Vida” e con­cor­ra a 5 pares de con­vite, 1 boné e 1 sacol­in­ha de nylon do filme.

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Trail­er:

httpv://www.youtube.com/watch?v=Fb9-3NzqFzU


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