Os Mercenários (The Expendables, EUA, 2010) é o filme que teve cenas gravadas no Brasil e rendeu tanta polêmica entre os politicamente corretos daqui, quando Stallone fez piadas, de forma bem estúpida e de gosto extremamente duvidoso, sobre o Brasil. Não defendo o que ele fez, pelo contrário, mas também não dá pra defender a onda de moralismo que seguiu o ocorrido.
Preciso tomar algumas linhas para expressar minha opinião sobre o assunto. O brasileiro acha que é intocável. Nós podemos criticar e apontar o dedo para tudo e todos, e tudo bem. Mas quando acontece o contrário, somos bombardeados com todos os meios de comunicação possíveis noticiando e condenando, além da facilidade encontrada para se ‘protestar’ pela internet. Quem se lembra do episódio de Os Simpsons que ‘ridicularizava’ o Brasil? Por todo lado apareceram campanhas de boicote etc., mas tudo bem rir dos episódios que ‘ridicularizavam’ a Austrália, o Japão, a Irlanda, todos os estados americanos…
Aliás, aqui dentro mesmo, vemos produções que apenas elevam os clichês regionalistas característicos do país, e raramente vemos qualquer movimentação a respeito, especialmente massiva como nesses casos internacionais.
Encerrando, Stallone foi muito infeliz, mas isso ganhou uma dimensão muito maior do que deveria. E Stallone se retratou publicamente, e a dimensão dada à retratação foi muito menor que aquela dada ao comentário original. E o complexo de inferioridade do povo brasileiro fica ainda mais evidente. Não somos piores que eles, mas não somos melhores. Se podemos apontar, eles também podem. Aprendam a conviver com isso.
Quanto ao filme, como já disse no texto a respeito de Machete (2010, EUA), Os Mercenários é um filme de ação de macho. É um revival de tudo aquilo que víamos nas produções dos anos 80, mas repaginado com as tecnologias modernas que tornam a ação muito mais frenética do que era possível na época.
O elenco de Os Mercenários é estelar para um filme do gênero, mesmo sendo decepcionante em relação ao que foi inicialmente divulgado/especulado: Van Damme, Steven Seagal e Wesley Snipes foram convidados para papeis ou participações no filme, mas ficaram de fora por variados motivos (Van Damme e Steven Segal declinaram do convite, e Wesley Snipes possui uma ordem judicial que o impede de deixar os EUA sem aprovação de um côrte). Se tais participações adicionaram qualidade ao filme, é questionável, mas sem dúvida seriam um atrativo! Sem os atores, o maior foco ficou, em Jason Stathan e, claro, em Sylvester Stallone, além de um surpreendente papel importante na mexicana radicada no Brasil (e limitada) Gisele Itié.
Itié é Sandra, uma mercenária de uma pequena ilha sulamericana controlada por um ditador. Após uma incursão à ilha em uma missão, os mercenários do título fogem para salvar suas vidas, ajudados por ela, mas Barney Ross (Stallone) resolve voltar para resgatá-la, em uma espécie de redenção. Os Mercenários possui um enredo raso, mas que não atrapalha um filme cuja real intenção é prender o expectador pela ação.
Além dos já citados, o elenco também tem Jet Li, Dolph Lundgren (o também citado gigante soviético de Rocky IV – EUA 1985), o campeão mundial de UFC Randy Couture, o wrestler Steve Austin e o ex-jogador de futebol americano Terry Crews. Há também uma participação de Mickey Rourke, interpretando um ex-mercenário e tatuador – participação que poderia ser maior, porque Rourke sempre é sensacional.
Mas o grande momento para os fãs de ação dos anos 80 é, sem dúvida alguma, o encontro (pela primeira vez em um filme) de Stallone, Arnold Schwarzenegger e Bruce Willis, sem dúvida os três maiores expoentes do gênero. Willis é Mr. Church, o homem que contrata os mercenários para a missão na ilha, e o Governator é o mercenário a quem o serviço é oferecido, junto com Stallone. A cena é curta, mas o suficiente para fazer brilhar os olhos dos fãs de Rambo, do Exterminador do Futuro e de Duro de Matar, além de ter uma excelente piada de ocasião.
Sylvester Stallone é sem dúvida um dos maiores heróis que eu já tive. O cara ajudou os rebeldes no Afeganistão, resgatou os soldados no Vietnã e venceu o gigante soviético em plena Moscou. OK, não foi exatamente ‘ele’, mas continua sendo legal pra caramba.
Então, Os Mercenários é um bom filme de ação. Claro que podia ser melhor, mas cumpre o prometido. Não perde o pique, tem explosões, tiros, brigas e algumas cenas engraçadas. E o cinema precisa disso, também.
Outras críticas interessantes:
- Érico Borgo, no Omelete
- Diogo Alçada Tavares, no Antecinema
Trailer:
httpv://www.youtube.com/watch?v=ZhrThK3q6BA
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