Certos filmes chamam atenção por seus pequenos detalhes e diálogos, assim como pela delicadeza com que alguns assuntos são tratados. Esse é o caso de O Porco Espinho (Le Hérisson, França, 2010), dirigido por Mona Achache. A diretora ainda é pouco conhecida e bem nova, tem apenas 29 anos, mas já conta com 3 filmes em seu currículo.
Paloma (Garance Le Guillermic) tem 11 anos e mora em um apartamento de luxo com seus pais e sua irmã. Considerada excêntrica, ela se diverte filmando os hábitos de sua família e seus vizinhos. Também estuda japonês, gosta de gatos e desenhos, mas mesmo assim é entediada. Decide, então, se matar no dia do seu aniversário de 12 anos. Ela resolve fazer diversas filmagens enquanto não chega o dia X. O que Paloma deseja com essas filmagens? Documentar seus últimos dias ou de certa forma, se aproximar das pessoas?
O Porco Espinho, que teve roteiro baseado no romance “L’Élégance du hérissson” de Muriel Barbery, possui personagens deveras interessantes. Além da própria Paloma, dois merecem destaque: Renée Michel (Josiane Balasko) e Kakuro Ozo (Togo Igawa). Renée é a zeladora do prédio, uma senhora em seus 50 anos que leva uma vida solitária, dividindo seu tempo entre os afazeres do prédio, seu gato Leo e seu amor secreto pelos livros. Kakuro é um senhor japonês que se muda para o prédio e logo se identifica com Renée. Iniciam então uma estranha, porém sincera, amizade. Paloma observa tudo isso através da lente de sua câmera e lamenta ter conhecido o Sr. Kakuro justamente na mesma época em que ela estava decidida a se matar.
Podemos classificar O Porco Espinho como uma comédia dramática, ao tom de A Lula e a Baleia, Eu, Você e Todos Nós e até mesmo Os Excêntricos Tenenbaums. Seu diferencial é que o mesmo se utiliza de pequenos fatos corriqueiros para explorar sua trama, seja no amor pelos gatos, pelos livros, a solidão, o tédio e a morte. Talvez o fato de o filme ser mostrado na visão de uma menina de 11 anos o torne um tanto quanto engraçado, pois crianças tendem a dramatizar as situações. É justamente isso que o torna único.
É um filme delicado e seus as personagens são muito verossimilhantes, qualquer um que assista pode se identificar. Sem despencar para o lado da auto-ajuda, O Porco Espinho nos mostra que ainda há chance para todos. Apesar de todo o tédio e solidão, há sempre a oportunidade de que algo aconteça para mudar a rotina da vida.
Outras críticas interessantes:
- Gabriel, no Crítica Mecânica
Trailer:
httpv://www.youtube.com/watch?v=b9YUqkbLAko
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