Território Jovem: Malvine Zalcberg e Ana Paula Vosne Martins

O que os ado­les­centes e jovens como um todo con­somem hoje? Como se dá os proces­sos de edu­cação para essa faixa etária? O even­to Ter­ritório Jovem, na Bien­al do Livro Paraná 2010, se dis­pôs a dis­cu­tir os temas per­ti­nentes a essa parcela de leitores que neces­si­tam de uma visão volta­da mais especi­fi­ca­mente para sua con­stante for­mação. E partin­do dessa pre­mis­sa, a psi­canal­ista Malvine Zal­cberg e a his­to­ri­ado­ra Ana Paula Vosne Mar­tins dis­cu­ti­ram O mun­do da meni­na, medi­a­do pelo repórter Omar Godoy, sobre um dos seg­men­tos mais ven­di­dos de lit­er­atu­ra infanto-juvenil.

O debate se deu ini­cio com inter­pre­tações ini­ci­ais das con­vi­dadas sobre o atu­al foco da lit­er­atu­ra infan­to-juve­nil em cima das meni­nas, qual o papel social dessas futuras mul­heres adul­tas e de que for­mas se posi­cionarão no mun­do depois dessas leituras. Malvine Zal­cberg acred­i­ta que a mul­her, hoje, é um sujeito fun­da­men­tal do nos­so tem­po, reforçan­do as atu­ais posições ocu­padas por ela per­ante a sociedade e que ela con­quis­tou isso sem deixar de ser, de cer­ta for­ma, fem­i­ni­na. Mas, rebate dizen­do que hoje, e que a lit­er­atu­ra atu­al tam­bém reforça essa ideia, a mul­her se tornou um sím­bo­lo de con­sumo e futil­i­dade, uma mescla da mul­her prim­i­ti­va, ante­ri­or às fem­i­nistas da décadas de 60 e 70, com a mul­her inde­pen­dente atu­al. Mas afi­nal, inde­pen­dente do quê?

Ain­da, afir­ma que há uma neces­si­dade de difer­en­ci­ação da mãe e da fil­ha, que ambas devem com­preen­der queocu­pam papéis difer­entes no tem­po. A psi­canal­ista, na Bien­al do Livro Paraná 2010, reforça em muitos momen­tos as atu­ais relações psi­coafe­ti­vas dos pais e fil­hos e de como a meni­na enx­er­ga na mãe um pro­tótipo de futuro. Malvine tam­bém fala muito que a edu­cação somente se dá quan­do se ama e que isso pode facil­i­tar aos pais mod­er­nos edu­carem seus fil­hos, enten­den­do seus papéis sem pare­cerem dita­dores de um úni­co esti­lo de vida. E, se aten­do mais ao assun­to do papel da mulher/menina, ela diz que a questão do gênero fem­i­ni­no é muito mais sub­je­ti­vo que o mas­culi­no. É necessário par­tir da con­sciên­cia de que a mul­her é de fato difer­ente do homem, sendo issoum grande pas­so para o desen­volvi­men­to da chama­da igualdade.

Ana Paula Vosne Mar­tins tem uma visão muito mais críti­ca e certeira sobre os atu­ais papéis das mul­heres. Ela acred­i­ta que hoje é muito mais fácil ser mul­her, que se vive uma liber­dade muito grande, inclu­sive para serem fúteis, prin­ci­pal­mente porque a tec­nolo­gia e o con­sumo dão uma aura de liber­dade, mas na ver­dade tiranizam. Para ela o mun­do é dos dois gêneros/sexos, não existe uma dis­tinção de ¨isso é coisa somente para meni­nos¨ ou vice-ver­sa. A his­to­ri­ado­ra acred­i­ta na edu­cação através da autono­mia, que ambos os sex­os devem apren­der a ser inde­pen­dentes e ativos. Ain­da, na Bien­al do Livro Paraná 2010, diz que a mul­her deve ser edu­ca­da a diz­er ¨não¨, mas tam­bém con­con­cor­da que somente a noção de difer­enças, a con­sciên­cia destas, é que podem de fato con­stru­ir uma con­vivên­cia mais igualitária.

Quan­do ques­tion­adas o que de fato é necessário para a afir­mação de um papel fem­i­ni­no, as duas foram dire­tas. Para Malvine Zal­cberg existe a neces­si­dade da dis­tinção dos papéis da família e que há a pos­si­bil­i­dade da mudança de tendên­cias, afir­man­do a neces­si­dade da rein­venção do amor como for­ma da mul­her remod­e­lar seus con­ceitos. Já Ana Paula Vosne Mar­tins diz que a mul­her mod­er­na pre­cisa lidar mel­hor com as tira­nias pas­si­vas dos padrões de beleza, deven­do perce­ber que tem poder e usá-lo de for­ma inteligente.

Mes­mo que os cam­in­hos que cheguem a dis­cussão da liber­dade da mul­her ven­ham de lugares difer­entes, as con­vi­dadas da Bien­al do Livro Paraná 2010 chegaram a um lugar-comum con­cor­dan­do na neces­si­dade da mul­her ter con­sciên­cia do seu desen­volvi­men­to e do seu papel, que sendo do mes­mo pata­mar, são difer­entes. E essa difer­ença não tem a ver com mino­rias ou maio­r­ias, mas sim­ples­mente com a distinção.

O inter­ro­gAção gravou em áudio todo esse bate-papo e se você quis­er pode escu­tar aqui pelo site, logo abaixo, ou baixar para o sue com­puta­dor e ouvir onde preferir.

Ouça a palestra com­ple­ta: (clique no link abaixo para ouvir ou faça o down­load)

[wpau­dio url=“http://www.interrogacao.com.br/media/bienallivropr2010/TerritorioJovem-Malvine_Zalcberg-Ana_Paula_Vosne_Martins.mp3” text=“Território Jovem: Malvine Zal­cberg e Ana Paula Vosne Mar­tins” dl=“0”]


Todas as informações e opiniões publicadas no interrogAção não representam necessariamente a opinião do portal, e são de total responsabilidade dos seus respectivos autores.
 
This entry was posted in Bienal do Livro Paraná 2010, Território Jovem and tagged , , , , , , , , , , . Bookmark the permalink. Post a comment or leave a trackback: Trackback URL.


Post a Comment

Your email is never published nor shared. Required fields are marked *

*
*

You may use these HTML tags and attributes: <a href="" title=""> <abbr title=""> <acronym title=""> <b> <blockquote cite=""> <cite> <code> <del datetime=""> <em> <i> <q cite=""> <s> <strike> <strong>

Spirallab