Últimas em Bienal do Livro Paraná 2010
Resumo da Bienal do Livro Paraná 2010
Evento Nobre: Rubem Alves
Evento Nobre: Miguel Sanches Neto e Affonso Romano de Sant´anna
Território Jovem: Malvine Zalcberg e Ana Paula Vosne Martins
Espaço Livre: Marcelo Madureira e Rodrigo Chemin
Café Literário: Heloisa Seixas e João Paulo Cuenca
Café Literário: Elvira Vigna e Luiz Ruffato
Café Literário: Ruy Castro e Guilherme Fiuza
Café Literário: João Gabriel de Lima e Paulo Camargo
Café Literário: Marçal Aquino e Laerte
Últimas em Café Literário
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Café Literário: Fabrício Carpinejar e Alberto Martins
Notícias
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Café Literário: Elvira Vigna e Luiz Ruffato
A discussão se a literatura é de fato um objeto transformador ou não, sendo simplesmente passiva perante o leitor, existe há séculos e é um dos assuntos mais pertinentes nos meios literários. Foi com esse questionamento, dentro do tópico Literatura: um ato de resistência?, que os escritores Luiz Ruffato e Elvira Vigna conversaram no Café Literário, mediado por Luis Henrique Pellanda, do dia 08 de outubro, na Bienal do Livro Paraná 2010.
Luiz Ruffato é ex-jornalista e escritor profissional, entre vários títulos escreveu o premiado Eles eram muitos cavalos (leia a crítica deste livro) e o atual Estive em Lisboa e lembrei de você (leia a crítica deste livro), pelo projeto Amores Expressos. Elvira Vigna é escritora, desenhista e tem uma empresa de tradução. Também escreveu livros premiados, ganhou o Prêmio Jabuti com a obra infantil Lã de Umbigo, e lançou recentemente a obra Nada a Dizer.
O debate deu inicio com os autores falando sobre as formas de resistência que a literatura se apresentou em suas vidas. Para Elvira Vigna, a sua vida sempre esteve à margem de algo, e foi a própria experiência que a levou até a leitura. Esta se transformou em objeto de resistência a tudo que ela vivia, e funcionou como o melhor meio de se encontrar. Já para Luiz Ruffato, o livro foi e é transformador. Ele conta que a literatura ampliou os horizontes pequenos que ele enxergava quando criança em Cataguases e, inclusive, lança a ideia da Igreja do Livro Transformador, como uma forma de levar a sério o poder da literatura.
Dando continuidade a ideia de transformação que Ruffato propõe, Pellanda o questiona se é esse sentimento de resistência que o faz sempre usar a classe operária como plano de fundo e personagem de suas obras. O mineiro responde dizendo que de certa forma sim, essa escolha é uma opção política, uma necessidade de dar voz a quem ele acreditava estar distante e que também se sente portador de meios de ter essa visão mais realista. Ainda, afirma que com esse tipo de literatura, ele foi apresentado a um novo universo de leitores, pessoas de fora dos círculos literários, alcançando uma das necessidades que ele considera básica à literatura: ser acessível a todos.
Para a escritora carioca, Ruffato é um otimista em relação ao poder da obra literária. Ela explica que só consegue ver isso com pessimismo. Elvira acredita que por trabalhar com a associação palavra + imagem, o poder da obra acaba por se tornar efêmero e que simplesmente ¨balança¨, mas não muda nenhuma estrutura. Aliás, a escritora carioca, apesar de bem humorada, se apresenta bem resistente a todo o valor aplicado sobre a obra literária como meio de transformação.
Mesmo que Elvira Vigna não veja a literatura da mesma forma que Luiz Ruffato, ela mesma diz que se contradiz ao afirmar que a Literatura pode ser sim um meio de ataque, de resistência a estrutura normal imposta pela lógica do romance tradicional. Ela usa seu livro Nada a Dizer para exemplificar as formas que um autor pode produzir a identificação do leitor com a obra sem se focar tanto no enredo, e sim, na estética da palavra.
Ainda, a escritora vê a internet como a maior ferramenta para se fomentar a cultura literária. Para ela a tela do computador é o antônimo da TV, principalmente por ser um meio ativo, onde é o usuário que cria os links e referências contrastando com o segundo aparelho em que somos usuários totalmente passivos e consumidores . Há a necessidade de leitura e escrita na web, mesmo os famosos, e muito criticados, ¨140 caracteres¨ é um dos meios mais criativos de se passar uma mensagem. Se há estilos de escrita com limitações muito rigorosas, como o Haikai, qual o problema em ter algo parecido na internet? O escritor mineiro concorda com a colega de mesa dizendo que cada história tem uma maneira de ser escrita e nada melhor do que a criatividade da web para isso.
Muitos outros assuntos acabaram entrando na discussão sobre a literatura como meio de resistência. O tópico é de fato vasto e pode englobar questões que partem desde da relação autor-leitor, até as políticas sobre o incentivo da leitura no país. Luíz Ruffato e Elvira Vigna afirmam que o próprio escritor sofre crises de identidade, principalmente quando busca fazer uma literatura mais utilitarista. Ambos ressaltam dois pontos principais: a necessidade do autor se assumir no campo estético da escrita e da necessidade social de fomentar a cultura literária. A mesa com os dois escritores foi uma das mais agradáveis do Café Literário na Bienal do Livro Paraná 2010 justamente por trazer o antagonismo bem-humorado dos dois escritores, criando um debate muito interessante sem ser tendencioso ou agressivo.
O interrogAção gravou em áudio todo esse bate-papo e se você quiser pode escutar aqui pelo site, logo abaixo, ou baixar para o sue computador e ouvir onde preferir.
Ouça a palestra completa: (clique no link abaixo para ouvir ou faça o download)
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