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Entrevista: Luiz Ruffato
Foto por: Adriana Vichi
Luiz Ruffato é um dos nomes mais notórios na literatura brasileira da última década. O mineiro que hoje vive em São Paulo é formado em Jornalismo e já trabalhou até de pipoqueiro, como ele próprio relata e há pelo menos oito anos se dedica a profissão de escritor. Ganhador de dois prêmios pela obra ¨Eles eram muito cavalos¨, a qual considero um dos grandes textos da literatura atual, uma experiência única de leitura que sugere ao leitor a sensação de espectador de documentário, a narrativa leva o leitor pela mão aos lugares conhecidos, e também desconhecidos, da grande e caótica metrópole de São Paulo, o leitor torna-se um sujeito coletivo.
Seus livros tratam do urbano e dos personagens que compõem esse cenário e a geografia dos espaços se confunde com as pessoas, que em certos momentos funcionam até como vultos de uma cidade. Os livros de Luiz Ruffato aproximam o leitor da sua realidade, os guiam por muitos lugares, criando um cenário intimista.
As obras do escritor foram publicadas em diversos países tais como França, Itália, Argentina, Portugal e etc.. Ele diz que tem uma agente literária em Berlim que negocia seus direitos autorais mundo afora, o que hoje é muito importante para os escritores pois facilita a divulgação de seus trabalhos fora do país e além de ampliar o mercado editorial isto eleva o status da rica literatura brasileira contemporânea.
O autor, em breve entrevista, fala da aproximação da literatura com as artes em geral, de como a metrópole paulista pode ser muitas ao mesmo tempo e a respeito do ótimo momento em que a literatura brasileira passa e , infelizmente, o não acompanhamento desta pela educação no país.
Você pode ler a coluna de Luiz Ruffato no jornal de literatura Rascunho.
interrogAção: Muito se fala que a literatura, dita contemporânea hoje, bebe de todas as artes: plásticas, cinema, música, fotografia e afins. Você se sente influenciado por isso? De que forma você vê isso na sua literatura?
LR: Acho que a literatura sempre foi uma arte em diálogo com outras artes. Se atentarmos, veremos que a literatura se insere em todos os grandes movimentos estéticos, particularmente com as artes plásticas. É natural, portanto, que hoje, quando se discute o hibridismo de gêneros, a interrelação, a interpenetração, a literatura seja parte fundamental, não só influenciando, mas também sendo influenciada pelas outras artes e, como novidade, pelas outras tecnologias (como a internet, por exemplo). Isso, no meu trabalho, é patente.
interrogAção: Ter sido jornalista colaborou para o seu estilo próprio de narrativa?
LR: Acredito que ter sido jornalista me ensinou como não escrever ficção… Porque são caminhos muito distantes, às vezes até mesmo contrários… O jornalismo busca a medianidade, a literatura a complexidade… A literatura, no meu ponto de vista, começa onde o jornalismo termina… O jornalismo me deu duas contribuições importantes: a disciplina e a certeza de que não existe inspiração, mas trabalho.
interrogAção: A produção de imagens no romance ¨Eles eram muito cavalos¨ é intensa, a sensação de estar sendo guiado através da narrativa, em cada uma das 69 ¨histórias¨ é inevitável. A vida urbana em SP inspira?
LR: A vida em São Paulo na verdade assusta… Tanto que, curiosamente, não são muitos os autores que têm a cidade como personagem ou mesmo como cenário. No entanto, para mim, é um desafio saudável tentar compreender sua complexidade e uma oportunidade rara para exercitar as mais diversas linguagens para dar conta de suas características… Porque na verdade não existe uma São Paulo, São Paulo são muitas, parodiando Guimarães Rosa…
interrogAção: Como você vê a literatura atual brasileira? O mercado editorial é suficiente, dá o suporte necessário?
LR: A literatura brasileira está passando por um de seus mais ricos momentos. Nunca se produziu tanto, nunca se editou tanto, nunca os leitores estiveram tão abertos a consumir literatura nacional. O mercado editorial, que vem crescendo ano a ano, com enorme potencial para crescer muito mais ainda, tem dado oportunidade para o autor nacional e o governo vem fazendo compras para as bibliotecas. Agora, ainda falta muito para atingirmos um panorama aceitável. Falta, antes de tudo, melhorarmos o nível da educação e falta nos empenharmos para transformar as bibliotecas públicas em um organismo vivo e não os depósitos de livros que são hoje…
interrogAção: Você está trabalhando em algum novo projeto ou livro?
LR: Sim, como escritor profissional, tenho que estar sempre trabalhando. Este ano, compus um livro de frases do Oswald de Andrade, que faz parte da edição das obras completas que estão sendo lançadas pela Editora Globo. E no momento organizo um livro de poeta mineiro, morto prematuramente, José Henrique da Cruz. Além disso, estou terminando o último volume do projeto Inferno Provisório, que deverá se intitular Domingos sem Deus, a sair no primeiro semestre do ano que vem. De resto, acompanho a edição de livros meus no exterior: este ano, estão sendo lançados: O mundo inimigo (na França); Estive em Lisboa e lembrei de você (em Portugal e Itália), Eles eram muitos cavalos (Argentina) e uma antologia de textos e poemas do Fernando Pessoa, publicada aqui pela Alfaguara (Quando fui Outro), que está saindo em Portugal
Livros publicados:
— Menção Especial no Prêmio Casa de las Américas, de Cuba
— Prêmio APCA — Melhor Romance de 2001
— Prêmio Machado de Assis de Narrativa da Fundação Biblioteca Nacional
— Prêmio APCA — Melhor Ficção de 2005
— Prêmio APCA — Melhor Ficção de 2005
— Finalista do Prêmio Portugal Telecom
— Prêmio Jabuti de Romance
— Finalista do Prêmio Zaffari-Bourbon
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