Crítica: Sombras da Noite

Som­bras da Noite (Dark Shad­ows, USA, 2012), novo tra­bal­ho de Tim Bur­ton, é uma ver­são cin­e­matográ­fi­ca da nov­ela amer­i­cana — aqui mais con­heci­da como série — de mes­mo nome trans­mi­ti­da nos anos 60 e 70. Foi a primeira série tele­vi­si­va a abor­dar temas e cenários mais góti­cos e noir, trazen­do o uni­ver­so de vam­piros e bruxas que hoje é tão explo­rado na pro­dução de TV atual.

O enre­do do filme tra­ta da família de com­er­ciantes ingle­sa Collins que no sécu­lo XVIII ruma para a Améri­ca, afim de con­stru­ir novos negó­cios. Bem suce­di­do, o patri­ar­ca deixa um lega­do para o jovem fil­ho Barn­abás que tem um caso com a empre­ga­da Angelique, a qual ele usa ape­nas por diver­são. Quan­do o jovem encon­tra Vic­to­ria, com quem pre­tende se casar, é amaldiçoa­do por Angelique, que é bruxa, a viv­er a dor da eternidade de um vam­piro além de adorme­cer por 200 anos, acor­dan­do ape­nas em 1972.

O cenário dos anos 70 é o que dá rit­mo ao filme que uti­liza ele­men­tos da época — a Guer­ra do Viet­nã, o movi­men­to Hip­pie, as roupas e é claro, tudo isso ao som do rock que emer­gia — para com­pôr a diver­ti­da relação de Barn­abás com as pecu­liari­dades do mun­do dois sécu­los após a sua últi­ma lem­brança. Além dis­so, o vam­piro quer recu­per­ar a boa fama de sua família e ain­da se livrar de Angelique que atrav­es­sou os sécu­los para ter certeza que os Collins sem­pre fracassem.

A paixão con­fes­sa de Tim Bur­ton e John­ny Depp (que pro­duz o lon­ga) pela série fica níti­da em todo o filme. A pro­dução de arte, como sem­pre se espera de um filme do Bur­ton, é a clás­si­ca obscuri­dade atraente que o tornou tão pop­u­lar. Já acos­tu­ma­dos a ver Depp inter­pre­tan­do os pro­tag­o­nistas excên­tri­cos, nota-se que Barn­abás tem um quê de Edward Mãos de Tesoura, prin­ci­pal­mente com o jeito desajeita­do de lidar com o cotid­i­ano difer­ente do que está acostumado.

O maior prob­le­ma de Som­bras da Noite é a incon­sistên­cia do roteiro que deixa boa parte dos per­son­agens a mer­cê da relação de Barn­abás e Angelique (Eva Green em óti­ma for­ma), que mes­mo estando muito bem jun­tos em cena, neces­si­tam que o foco não fique ape­nas em cima deles. O elen­co é um óti­mo time com nomes como Michelle Pfeif­fer, Chloe Moretz e claro, Hele­na Boham Carter, mas nen­hum per­son­agem é de fato bem explo­rado, deixan­do um time de peso na reser­va de um filme que tin­ha tudo para ser visual­mente belo com um roteiro excelente.

Claro que, ape­sar das lacu­nas do roteiro, Som­bras da Noite é um ver­dadeiro Tim Bur­ton, que vale ao menos para encher os olhos da magia do uni­ver­so obscuro que o dire­tor criou ness­es 30 anos de car­reira. E o sim­ples fato do lon­ga ser basea­do numa série da época que con­tex­tu­al­iza o enre­do é um dos atra­tivos para o espec­ta­dor atu­al ficar aten­to às refer­ên­cias e apre­ciar o humor. Para quem se inter­es­sar pela série, alguns tre­chos são facil­mente encon­tra­dos no Youtube, mas já deixo de antemão que Som­bras da Noite é uma releitu­ra de fãs e no caso, os fãs são Tim Bur­ton e John­ny Depp, não há neces­si­dade de com­parar o anti­go com o novo. Se alguém con­hece a série homôn­i­ma, com­par­til­he sua opinião sobre ela.

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Dossiê Daniel Piza
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