Crítica: Desenrola

O públi­co ado­les­cente vem sendo um alvo inter­es­sante para a pro­dução do cin­e­ma nacional. Pre­ocu­pa­dos em tratar de assun­tos volta­dos a essa fase for­mado­ra de opinião, filmes como As mel­hores coisas do mun­do e Antes que o mun­do acabe fiz­er­am boa bil­hete­ria no ano pas­sa­do, tratan­do dos dile­mas da ado­lescên­cia, que vão des­de as novos for­matos de família até a sex­u­al­i­dade, tão em pau­ta desse perío­do. Desen­ro­la (Desen­ro­la, Brasil, 2011) de Rosane Svart­man é mais uma pro­dução volta­da ao entreten­i­men­to, porém pro­duzi­da através de um pro­je­to colab­o­ra­ti­vo com o públi­co e com tons pedagógi­cos, foca­do nos ado­les­centes e con­sum­i­dores de minis­séries como a já clás­si­ca Malhação.

Priscila (Olivia Tor­res) é uma ado­les­cente do ensi­no médio que vive um dile­ma volta­do a sua vir­gin­dade. Moran­do no Rio de Janeiro ela se acha esquisi­ta por não gostar muito de pra­ia a não ser por gostar de um fre­quen­ta­dor assí­duo dela, o Rafa (Kayky Brito), o garo­to pop­u­lar, e mais vel­ho, que gos­ta de sur­far e anda com as garo­tas mais boni­tas. Ela vive se per­gun­tan­do: ¨Afi­nal, quan­tas garo­tas no ensi­no médio ain­da são vir­gens?¨. Para ela, todos ao seu redor já fiz­er­am sexo, ou pelo menos têm histórias para con­tar sobre exper­iên­cias sex­u­ais. Em uma aula de estatís­ti­ca o pro­fes­sor (Pedro Bial) propõe que os alunos escol­ham assun­tos próx­i­mos de suas real­i­dades para que pos­sam tra­bal­har com por­cent­a­gens e apre­sen­tar em sala. Eis que a situ­ação é per­fei­ta para o grupo de Priscila saber como foi e é a questão da vir­gin­dade nos alunos da escola.

O lon­ga é um pro­je­to que envolveu a par­tic­i­pação do públi­co em vários momen­tos, des­de das idéias abor­dadas até a tril­ha sono­ra, e foi apre­sen­ta­do primeira­mente na tele­visão sendo mais uma empre­ita­da bem suce­di­da, pelo menos no que se propõe, da TV Cul­tura. O canal tem apos­ta­do, nos últi­mos anos, em exper­i­men­tações tele­dra­matúr­gi­cas que tomam cor­po no cin­e­ma, como acon­te­ceu com o Amor Segun­do B. Schi­amberg, do pro­je­to Direções. Em Desen­ro­la fica claro que a par­tic­i­pação do públi­co fun­cio­nou em muitos momen­tos, por exem­p­lo, há mesclas de depoi­men­tos reais de ado­les­centes com as vivên­cias dos per­son­agens do enredo.

Infe­liz­mente em Desen­ro­la, vários assun­tos pas­sam por ten­ta­ti­vas de abor­dagem mas acabam se des­man­chan­do em algum momen­to. O foco do filme é a questão sex­u­al, mas vários pon­tos que envolvem o dia a dia do ado­les­cente tam­bém são trata­dos, como: rela­ciona­men­to com os pais, gravidez e bul­ly­ing, mas todos de for­mas super­fi­ci­ais. Por exem­p­lo, o uso da camis­in­ha é reforça­do pelos ado­les­centes em con­ver­sas, mas no momen­to em que a situ­ação real­mente acon­tece o assun­to desa­parece e se perde. Claro que para um adul­to de hoje, talvez, muitas situ­ações apre­sen­tadas não façam muito sen­ti­do e pareçam até forçadas, mas o filme real­mente aparenta se focar em estereóti­pos, o que se tor­na inques­tionáv­el já que foi pro­duzi­do com aju­da do público.

Des­de a Retoma­da o Brasil bus­ca uma iden­ti­dade den­tro do cin­e­ma. As leis de incen­ti­vo mel­ho­raram con­sid­er­av­el­mente e grandes emis­so­ras, hoje, apos­tam bas­tante em filmes, prin­ci­pal­mente de entreten­i­men­to e/ou com tra­bal­hos pedagógi­cos. Isso com certeza não é ruim, afi­nal esse tipo de cin­e­ma tam­bém cria um per­fil do país no exte­ri­or, o que desagra­da bas­tante é o reforço do uso de atores de nov­e­las que apare­cem como que para ¨sal­var¨ as pro­duções. Em Desen­ro­la as aparições de Juliana Paes e até do Kayky Brit­to, que enten­do ser necessário para o públi­co ado­les­cente, pode­ri­am ser tro­ca­dos por atores menos arti­fi­ci­ais, como nos dois filmes que cita­dos no primeiro pará­grafo. Mas em ger­al o lon­ga cumpre o papel de man­ter um diál­o­go com o ado­les­cente e de for­mar públi­co para futuras pro­duções do gênero.

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Trail­er:

httpv://www.youtube.com/watch?v=5xW0-mzdZ8w


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